Por: Roger Richter
Viagens aéreas têm-se popularizado muito ultimamente, especialmente no Brasil, e são, sem sombra de dúvida, práticas, seguras e rápidas. Por característica, favorecem o destino em detrimento da jornada e, por conta disso, acabam sendo a opção mais vantajosa para aqueles com escassos dias de férias.
Em contrapartida, numa viagem terrestre, o destino não deixa de ser importante, mas o foco passa a ser as experiências adquiridas durante o percurso e, desta maneira, descobrir regiões e conhecer pessoas assume um outro significado. O viajante que pretende se aventurar pelas vias terrestres, sejam elas de quaisquer país, deve ter claro entendimento sobre este ponto de vista, para que realmente aproveite o que a estrada tem a lhe oferecer. Sob esta vertente, é muito provável que o destino final assuma um papel secundário. Mas esta é, invariavelmente, a lógica de uma viagem terrestre.
Brasil
Embora infelizmente o Brasil não seja um país que poderíamos chamar de “amigável” para ser explorado por via terrestre, as pessoas estão descobrindo, aos poucos, os benefícios deste tipo de viagem, principalmente os motociclistas.
Problemas como excesso de tráfego, vias mal conservadas e o constante abuso de motoristas em relação à velocidade e/ou consumo de álcool fazem parte de nosso cotidiano, engrossando o caldo das estatísticas e reduzindo as chances de mudanças reais.
Isso sem mencionar a enorme quantidade de “obstáculos” à boa fluidez de uma viagem: controladores de velocidade, eletrônicos ou não, a cada poucos quilômetros, estradas que literalmente cortam cidades, obrigando o viajante a encarar o trânsito local e as intermináveis obras, que jogam o trânsito para desvios inacabados ou bloqueiam temporariamente um determinado sentido.
É um “pacote de maldades” extenso e indigesto. Entretanto, se a realidade não joga muito a favor, um pouco de paciência e boa dose de planejamento certamente mudam este placar, uma vez que nosso país, com uma extensão praticamente continental, oferece excelentes oportunidades de turismo. Nossa malha rodoviária, de baixa qualidade porém abrangente, favorece substancialmente a exploração de regiões isoladas, quase sempre nos reservando boas surpresas ao longo do caminho.
Demais países da América do Sul
Não é foco deste artigo analisar individualmente os países da América do Sul sob a ótica das viagens terrestres, até porque eles são muito diferentes entre si. Contudo, em linhas gerais, costumam oferecer condições um pouco melhores aos viajantes, quando os comparamos ao Brasil. A linha de raciocínio para embasar este ponto de vista está pautada em itens como:
- Estradas projetadas para suportarem climas rigorosos e ainda assim manterem padrões de qualidade por muito tempo;
- Cobertura de concreto ou asfalto de qualidade superior ao utilizado no Brasil (até porque temos que considerar o “fator corrupção”, muito comum por aqui em projetos de infraestrutura);
- Ausência de elementos causadores de transtornos, como buracos ou asfalto irregular;
- Tráfego rodoviário em menor quantidade;
- Planejamento de trevos de acesso às cidades que pouco interferem na fluidez normal do tráfego rodoviário.
Logicamente que regiões metropolitanas, como Buenos Aires, Santiago, La Paz, Lima, Quito ou Bogotá, não se encaixam nas descrições acima por possuírem trânsito quase sempre caótico e perigoso. No caso evidente destas capitais, cautela talvez seja a palavra-chave.
A essência
Uma viagem terrestre nos proporciona a chance de enxergar o mundo como ele realmente é: repleto de oportunidades, de lugares fantásticos e de pessoas com histórias incríveis. E independente do país ou região, não é necessário viajar muito para se ter contato com tudo isso, basta estar atento.
Indo além, é também o momento certo para observar e contemplar. Sentir-se parte da natureza, perceber a mudança constante da paisagem ao longo da jornada e, ainda, ter a chance de deixar os pensamentos fluírem aleatoriamente, enquanto pilota por uma estrada, certamente é algo que muitos deveriam experimentar.
Por fim, uma viagem terrestre pode ser comparada a uma refeição de domingo preparada em nossas casas. Requer planejamento, execução detalhada para não estragar a receita e ser saboreada calmamente, de preferência com um bom vinho.
Roger Richter
Esse cara além de ser 10 como pessoa é muito profissional. Parabéns pela coluna!
Saudações!
Primeiro gostaria de parabenizar pelo texto, muito bom.
Concordo com tudo, e também sou um apaixonado por duas rodas, porem prefiro ficar dentro de um raio ate 1000km vejam porquê.
Moro em Sao Paulo capital e quando digo ate 1000km de distância estou dizendo que consigo chegar ate o RS, DF MG, e ES. Dentro deste raio tem tantos locais para se visitar que se quer consegui mapear …Crei um grupo no Facebook com este fim descobrir lugares a visitar e passeios em grupo e a toda hora me surpreendo com locais que nunca tinha ouvido falar, só para se ter uma idéia só em torno de SP ate 250km tenho mais de 100 locais a visitar….Logo dentro deste raio de 1000 km as possibilidades são incalculáveis.
Quando falamos de estradas e infraestrutura no Brasil a região deste raio é a melhor seja on ou off road a infraestrutura no sul , suldeste e Centro Oeste são melhores que Nordeste e Norte, assim é muito maia facil de resolver perrengues.
Sobre os custos de uma viagem, a verdade é que viajar de moto com o mínimo de conforto nao é barato em média um casal gasta por dia 450,00 reias ente alimentação, hospedagem e combustível, isto ficando em hoteis 3 estrelas e fazendo refeições em lugares simples. Logo a quantidade de dias na estrada pode.fazer sua vaigem ficar salgada. E ai é que eu vejo o pulo do gato, se por dia gastamos 450,00 podemos usar este dia na estrada ou para fazer turismo de fato conhecendo lugares e pessoas. Logo viagens de até 1000km podem see feitas em dois dias de estrada e ainda se faz turismo na propria viagem, pois 500km por dia neste raio on road costuma ser tranqiilo. Assim pode usar alguns dias para curtir o destino também e não só ir ate o mesmo. Lembrando que pode fazer um roteiro com varios destinos dentro do raio e ao chegar no destino final estar proximo do ponto de partida. Ainda falando de custo viagens longas faz a conta nao fechar, recentemente pesquisei uma viagem para Cusco Peru assiti um programa do Tuturossi nele este moto aventureiro cita 4 maneiras de se chegar combinado diversas formas entre ir direto de moto, avião + locação de moto e por fim avião + transporte da moto , pois bem coloquei tudo na ponta do lapis e cheguei a conclusão que pra mim nao vale apena. Pelos 12 a 15mil que gastaria numa viagem desta para duas pessoas em 21.dias eu consigo fazer ate 4 viagens de 6 a 7 dias no raio de ate 1000km muito mais dias na estrada menos cansaço e um custo beneficio melhor…Ok Voces vao dizer, é mas voce nao foi a Cusco é verdade mas nada impede de eu fazer esta vaigem de agencia turística, num custo muito melhor.
Outro ponto é a burocracia nas aduaneiras, horas da vaigens perdidas so para atravessar a fronteiras.
Claro que a questão de insegurança do Brasil é um ponto importante, mas isto não é diferente em viagens longas, pensando na America do Sul nossos problemas são bem parecidos a corrupção e as zonas de perigo existem e você precisa saber se farão parte de sua vaigem. Num raio de 1000km é nuito maos facil de se mapear.
Encerro meu comentário dizendo que nao tem problema nenhum na pessoa ter o sonho e realizar a vaigem longa, so precisa ter a consciência do que esta fazendo, cada uma cada um. Tem gente que nao faz turismo o objetivo é rodar vai ate o Alasca em 45 dias…ok sem problemas, faz o que tu queros pois é tudo da lei…Bons ventos a todos os irmãos