Por Franco Lopes
Acredito que o sonho de qualquer motociclista apaixonado pela sensação do vento cortando seu capacete ao acelerar sua motocicleta é conhecer lugares magníficos em cima de sua carinhosamente “Magrela”. E mais, nós que estamos abaixo da linha do Equador temos tanto a conhecer em nossa América do Sul e as vezes não temos a dimensão da riqueza cultural, experiência e belezas naturais ou criadas pelos antepassados que estão ao nosso alcance.
Foi pensando assim que através de duas Expedições conheci os principais pontos turísticos da América do Sul. E tudo que conto aqui é acessível a qualquer motociclista, basta planejamento.
A primeira viagem batizada de Expedição Origens – América do Sul, foi planejada um ano antes da data de saída que foi dia 29 de agosto de 2016. A rota foi sair de Muriaé, Minas Gerais em direção a Bolívia passando por Corumbá onde iniciamos nossa jornada internacional. Apesar das perrengues na Bolívia na dificuldade de conseguir combustível, valeu muito a pena pois existem lugares que geralmente motociclistas passam muito perto e não param para conhecer como por exemplo a Estação de esqui abandonada em La Paz, onde as motos e os pilotos sentem um pouco a altitude mas vale o sacrifício ou o sítio arqueológico de Tiwanaco em Puma Punku bem próximo ao Lago Titicaca. Uma experiência inesquecível.
Saindo da Bolívia as margens do Lago fizemos a aduana em Desaguadero e seguimos rumo a Puno e a Cusco no Perú que é com certeza a cidade de todos os povos das Américas. Com o objetivo de conhecer Machu Picchu acabamos conhecendo outro lugar incrível Ollantaytambo Sanctuary – Sítio arqueológico, de onde embarcamos no Trem que nos levou a Cidade de Aguas Calientes e de lá os seis expedicionários cumprimos um terço da jornada.
De volta a estrada agora tomamos o rumo sul e paramos em Puno, pois não poderíamos deixar de conhecer as ilhas flutuantes do Lago Titicaca pelo lado peruano. Conhecer a língua, como se vivia, música, artesanato e pode comer da cozinha milenar é alimentar o corpo e a alma de tanto conhecimento. Mas a viagem tinha que continuar por isso deixamos o território peruano e voltamos a Bolívia agora por Oruro contemplando as belezas das lagoas de sal e do Lago Poopó focando nosso novo objetivo que era o Deserto de Sal “Salar de Uyuni” que é simplesmente maravilhoso. Eu e mais um integrante que mais tarde seria meu único companheiro de expedição tivemos uma experiência fascinante. Ficamos hospedados em um Hotel totalmente de Sal em Colchani, onde desde o chão até as camas eram de barras de sal, e ver o pôr do sol no deserto é algo inimaginável, por isso o Paris Dakar passa por lá.
Mas precisamos continuar nossa viagem, e agora passar para o Chile, país extremamente organizado onde nos aguardava as cores mágicas do Oceano Pacífico e na cidade de Antofagasta a La Portada, uma formação rochosa às margens da rodovia. A esta altura o grupo que era de seis se transformou em dois grupos, um com quatro integrantes e outro com dois (Eu e meu amigo Pedro) que seguimos o cronogramas como planejado. Saímos em direção a Calama e o tão esperado São Pedro do Atacama. Um lugar para se ficar pelo menos 5 dias pois são tantas atrações que por menos disso não consegue-se aproveitar, e conselho de amigo, deixe sua motocicleta no hotel e vá visitar esses pontos turísticos de van que oferecem, agua, alimentação, Ar condicionado e você não correrá o risco de se perder no deserto mesmo com GPS que com o calor em certas épocas do ano não funcionam direito. Vulcões, Geiseres, Lagoas de sal, Esculturas rochosas, comidas típicas, bares e restaurantes rústicos, etc… Taí. Um lugar pra se voltar.
Agora em apenas dois expedicionário (restante do grupo a essa altura já estava em casa), iniciamos a viagem de volta, mas não sem antes conhecer Salta já na Argentina onde se encontra a múmia mais bem conservada do mundo. Fizemos também todo o chaco argentino e andamos na maior reta de nossas vidas até Corrientes com mais de 450 km já nos despedindo da terras argentinas e sentindo a nossa casa mais perto.
Voltamos ao Brasil por Uruguaiana e seguimos para Porto Alegre já na terceira e última etapa da expedição nos restando apenas cortar o litoral Sul desse nosso país e retornar a Minas Gerais depois de 32 dias na estrada, mais de 14.000 km e muitas experiências pessoais e de estrada, apertos e livramentos… Ao chegar a sensação de dever cumprido e a alegria de sermos recebidos pela família e amigos. E por incrível que pareça uma semana depois já estávamos planejando a Expedição de 2017.
Origens no Ushuaia “Fim do Mundo”, mas essa é outra história.
Até a próxima,