A região alpina dos Dolomitas é considerada uma das mais belas da Europa. Situa-se na parte nordeste dos Alpes italianos e faz fronteira com a Áustria e a Eslovênia. Trata-se de uma formação rochosa particular, descrita pela primeira vez pelo naturalista e geólogo francês Déodat Gradet de Dolomieu em 1791, cujo sobrenome acabou por identificar esse fenômeno geológico. Os dolomitas são gigantes maciços rochosos monolíticos e muralhas de cor esbranquiçada. Conforme a incidência do sol, a rocha muda de cor e pode assumir tons alaranjados e rosados. Como paisagem é, de fato, impressionante. Em 2009, a UNESCO incluiu na Lista de Patrimônios da Humanidade uma área de 142 mil hectares, com 18 picos acima de 3000 metros de altura. A medida se justificou pela grande importância geomorfológica, relevos glaciais e registros fósseis da Era Mesozoica. Para o motociclista, o que importa mesmo é que o visual é absolutamente deslumbrante.


A Grande Estrada dos Dolomitas foi construída em 1909 entre Bolzano e Cortina d’Ampezzo quando essa região ainda pertencia ao Império Áustro-Húngaro (na nomenclatura atual, o traçado vai de Bolzano pela SS 241 até Vigo de Fassa e de lá, pela SS 48 até Cortina). O objetivo era militar, segundo fontes disponíveis, pois possui um traçado leste-oeste, ligando vários passos de difícil acesso até então. Com a Primeira Guerra Mundial, a Áustria perdeu para a Itália o território do Süd Tirol. Até hoje, porém, a língua nativa ali ainda é uma variação do alemão. A Grande Estrada pode ser percorrida em algumas horas. Cortina d’Ampezzo é a estação de esqui mais famosa da Itália. Os preços ali são relativamente altos e há muitas lojas de artigos de luxo. Há, no entanto, uma extensa rede hoteleira que permite uma escolha variada para a acomodação do viajante. Na outra ponta, Bolzano, é uma cidade relativamente grande e industrial. Fica em um vale por onde passa a autoestrada A22, que liga o norte da Itália ao sul da Alemanha. Trata-se de importante rota de comércio na Europa, e o movimento é portando grande. Ao longo da estrada, valem paradas para apreciar as Cinque Torre, o Pian Falzarego, o Passo Pordoi e o magnífico Lago di Carezza.

Para quem tiver mais tempo, vale a pena explorar toda a região, pois há vários lugares belíssimos em pontos fora desse trajeto. Pela SP 243 e SP 242 se pode ter acesso ao Passo Gardena, ao Monte Seceda e Alpe di Siusi, todos de incrível beleza. Se for necessário acelerar as visitas, é possível, a partir do vilarejo de Ortisei, situado em um vale, atingir por teleférico o Seceda, de um lado, e Alpe de Siusi, do outro. Do contrário é possível subir o Seceda de moto, embora a maior parte da estrada não seja asfaltada. Trata-se de área de preservação ambiental e pastoreio. Para se chegar a Siusi de moto, toma-se a SP 64 de depois a LS24.


O Vale de Funes é considerado por muitos um dos lugares mais bonitos da Europa. Um bom lugar para se hospedar é a vila medieval de San Pietro ou Santa Magdalena, situada um pouco mais longe, vale adentro. Ali se encontra a igrejinha solitária de San Gionavi in Ranui, um dos pontos mais fotografados da região. Saindo de San Piero pela SP 139 na direção a Plancios é possível ter uma visão do vale a partir do alto.


Pela SS 49 até Dobiacco e depois pela SS51, tem-se acesso ao Lago di Braies, Prato Piazza, Lago di Misurina e Tre Cime di Lavaredo. O Lago di Braies é outro dos pontos mais fotografados da Itália. É comum especialemente se observarem ali equipes de revistas de moda do mundo inteiro fotografando modelos no local. Prato Piazza é um pequeno planalto alpino.



Por fim, outro trajeto belíssimo é percorrer SR203 e SP638 entre Belluno e Cortina d’Ampezzo. O Passo Giao é particularmente impressionante. O vídeo abaixo mostra boa parte desse percurso.
Até a próxima…